1.2 Envelhecimento demográfico
No início do século XX, as pessoas
de 65 e mais anos residentes nos países que hoje constituem
a União Europeia representavam 4% a 6% da população
total. Em 1950 esta percentagem cresceu para 9%, em 1990 tinha
aumentado para 14.4% (ONU, 1990) e em 1997 situava-se nos 15.8%
prevendo-se que em 2020 será de 20.6%.
No conjunto da Europa dos 15 o índice de
envelhecimento demográfico em 1997 era representado por
cerca de 91 idosos por cada 100 jovens e em 2020 aponta-se para
uma relação de 139 idosos de 65 e mais anos, por
cada 100 jovens de 0-14 anos de idade (Cónim, 1999).
Em 1999, havia na UE 60 milhões de idosos
com idade igual ou superior a 65 anos, comparativamente a apenas
34 milhões em 1960. Actualmente, os idosos representam
16% da população total ou 24% do que se considera
a população em idade activa (15-64 anos). Até
2010, espera-se que este rácio aumente para 27%.
Ao longo dos próximos quinze anos o número
de cidadãos 'muito idosos' com idade igual ou superior
a 80 anos registará um aumento de quase 50%.
Portugal registou uma evolução no sentido do envelhecimento
mais lenta do que os outros países europeus, mas aproxima-se
a grande velocidade das percentagens que se verificam nesses
outros países (incluindo os do Norte da Europa, onde
o envelhecimento da população se fez notar desde
1950 em níveis importantes).
Em Portugal, a proporção de população
idosa passou de 7% em 1950, para 14.1% em 1992 e para 15,2%
em 1997 a par de uma diminuição da população
com menos de 15 anos de idade, que em 1991 era de 19,7% e em
1997 era de 16,8%. Paralelamente verifica-se um aumento da população
com mais de 75 anos de idade. Enquanto em 1991 5.4% do total
da população tinha 75 ou mais anos de idade, em
1997 ela representava 5.9% (MTS,2000). Em termos prospectivos,
calcula-se para Portugal em 2040, que 20.6% da população
total portuguesa terá então idades superiores
a 65 anos.
A distribuição dos índices
de envelhecimento no país em 1995 fazia-se por todo o
interior, de norte a sul do país, com particular incidência
no Alentejo e no interior das Beiras, em relação
com a emigração de pessoas jovens. Contudo há
uma evolução rápida dos índices
de envelhecimento. Em 1972 tínhamos 34 idosos por cada
100 jovens dos 0-14 anos, em 1998 essa proporção
era de 90.3 idosos por cada 100 jovens e perspectiva-se para
2021 127.4 idosos por cada 100 jovens dos 0-14 anos (Cónim,
1999). Entre a população idosa há uma acentuada
taxa de feminização.
As mulheres com 65 e mais anos representam 15.4%
do total das mulheres do Continente, enquanto os homens com
a mesma idade representam 11.7% da população masculina.
A partir dos 75 anos de idade a taxa de «feminização»
é maior com 6.5% do total das mulheres idosas e 4.1%
de homens (INE, 1997).
Os resultados preliminares
do Censos 2001 [5] , definem o seguinte perfil
demográfico para a população portuguesa:
»
a população portuguesa residente atingiu cerca
de 10,3 milhões, significando uma variação
positiva de 4,6% face a 1991 ainda que a evolução
a nível regional não seja uniforme pois o Algarve
destaca-se com um crescimento de 14,8% logo seguido do Norte
com 6%;
»
nas capitais das duas áreas metropolitanas (Lisboa
e Porto) verifica-se um acumulação populacional nas
zonas-limítrofe enquanto os seus próprios concelhos
perdem população;
» subsiste
uma feminização da população a
qual se sublinha à medida que aumenta o grupo etário
da população idosa – na população
com 85 e mais anos, estima-se que a relação
seja de 42 homens para 100 mulheres;
» as pessoas
idosas (com 65 ou mais anos) correspondem a 16,4% (1960- 8%)
do total da população residente e as jovens
(dos 0-14 anos) a 16% (1960-29,2%) pelo que o índice
de envelhecimento é de 102,6;
»
na zona Norte verificam-se valores diferentes sendo que as
pessoas idosas representam 14% da população
e as jovens 17,5% e na zona Centro as primeiras representam
19,6% da população e desta 15% são
jovens;
»
o número de famílias regista um crescimento
de 18,5% sendo que a média de 2,8 pessoas por família
demonstra uma progressiva dita “atomização
familiar” – esta realidade é também
patente nas zonas Norte e Centro sendo a primeira apresenta
uma maior incidência de famílias clássicas
com 4 ou mais residentes (35,2%) que a segunda (28,3%).
Para além da esperança de vida
à nascença e saldos migratórios, um dos
factores que mais contribui para os actuais índices
de envelhecimento é a diminuição das
taxas de fecundidade.
A generalidade dos países europeus registou
um equilíbrio entre as taxas de fecundidade e de mortalidade,
que resultou num crescimento demográfico quase nulo
neste século, até finais da década de
30. Na década seguinte operou-se uma inversão
desta tendência, com um crescimento rápido das
taxas de fecundidade acompanhadas por uma estabilização
das taxas de mortalidade. Depois de meados da década
de 60 e até à actualidade, operou-se uma nova
regressão da fecundidade.
No que respeita à taxa de fecundidade,
Portugal manteve até final da década de 80 uma
taxa superior à média da U.E. Mas o ritmo de queda
foi muito superior ao verificado nos outros países comunitários
e hoje em dia Portugal é dos países que menos
nascimentos tem em média.
Portugal registava, em 1971, 3 filhos em
média por mulher, 2.13 filhos em 1981, 1.58 filhos em
1991 e 1.52 filhos em média por mulher em 1996-1997 (Cónim,
1999).
Considerando as condições de mortalidade
que caracterizam os países desenvolvidos e o grande aumento
da esperança de vida, a renovação de gerações
requer uma descendência média de 2.1 filhos por
cada mulher.
Em 1960 a fecundidade, em todos os países
da U.E., permitia a renovação equilibrada das
gerações, mas já o mesmo não acontecia
em 1980, quando, no conjunto dos doze países comunitários,
apenas Portugal, a Irlanda, Grécia e a Espanha conseguiam
tal renovação, com descendências médias
de 2.5, 3.4, 2.3 e 2.6 filhos por mulher, respectivamente. Em
1992 só a Irlanda se encontrava no limite de descendência
média necessária para a renovação
das gerações. Os restantes países situavam-se
abaixo deste limite, sendo a média da comunidade de 1.5
filhos por mulher (INE, 1993).
Em 1997, Portugal mantinha-se abaixo da média
da comunidade necessária para a renovação
das gerações.
Outro factor que importa considerar no âmbito
do desenvolvimento do VIVER, são as taxas de dependência
no seio dos grupos familiares, em relação aos
jovens e idosos.
Relativamente à área geográfica de intervenção
do projecto verificam-se as seguintes taxas de dependência:
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